Você já deve ter ouvido falar do Rei do Sabão. Recentemente, Pedro Felipe dos Santos Neto apareceu na veiculação de um comercial do Sebrae, sobre empresas que se tornaram formais. O alagoano e sua esposa Dayse Maria da Silva mantém desde 2001 uma pequena porém promissora fábrica de sabão caseiro, obtido através da reciclagem de óleo usado. Mas o sucesso do Sabão América, que hoje possui patente registrada, não foi alcançado sem uma boa dose de empreendedorismo.
Da periferia de Maceió para destaque na revista britânica The Economist, o reconhecimento do talento de Pedro e Dayse foi só uma consequência de seus esforços. Antes do sabão, trabalhando na construação civil, Pedro e sua família se sustentavam com o salário de pedreiro e a renda extra conseguida com a venda dos bolos que sua esposa fazia e que eram vendidos entre os companheiros do serviço.
Com o fim da obra e sua consequente demissão, perderam de uma só vez, o salário e a renda extra. Com o tempo passando, o aperto aumentando, apenas R$ 20,00 no bolso e uma antiga receita de sabão caseiro, o casal comprou uma quantidade de couro de galinha, que era testado e queimado no próprio quintal, até virar sabão.
“Conseguimos vender uma caixa para o mercadinho, botamos uma placa na porta — 'VENDE-SE SABÃO CASEIRO A R$ 0,25', o melhor preço da região, e aí começaram a aparecer os primeiros clientes”, lembra Pedro, feliz, ao lado de Dayse e da filhas Paula Débora, 6; Daysiane, 4, e Pauline, a caçula, de 2 anos, que cresceu exatamente no tempo da virada na vida de Pedro.
Pedro e Dayse trabalhavam em um quarto abafado, com todo processo feito à mão, em uma tosca mesa cheia de linhas e tábuas, para fazer o corte das barras. Bem no início sua produção era pequena, e a entrega era feita de bicicleta nos mercadinhos do bairro. Tudo só foi possível quando Pedro pediu os primeiros empréstimos (R$ 80, R$ 300 e R$ 800), no Banco do Cidadão. Ao todo foram oito empréstimos, todos foram quitados.
Em 2008, os negócios de Pedro sofreram um abalo, com a chegada de uma empresa de biodiesel de Aracaju, que começou a comprar o óleo usado de restaurantes e hotéis de Maceió.
“Perdi meus fornecedores de óleo usado, já que eu pegava de graça nesses hotéis e restaurantes, pois ajudava a reciclar e colaborava para um meio ambiente mais sadio. Mas parece que a empresa não deu certo. Hoje o óleo é quem corre atrás de mim, e como disse a reportagem, virei mesmo o rei do sabão”, diz Pedro Felipe, que estoca em tonéis mais de mil litros de óleo, matéria prima bastante para fabricar de 200 a 250 caixas de sabão, contendo 50 unidades.
Com isso, ele dobrou sua produção, e desde então o pessoal é quem liga para ele buscar o óleo. Em 2008, ele tinha uma produção média de 300 caixas (com 50 tabletes) por mês, e em 2009 seu volume de fabricação chegou a 600 caixas por mês, distribuídas para 40 mercadinhos e armazéns de toda a região no entorno do Benedito Bentes.
Pedro continua a fabricar sabão no quintal de sua casa, mas agora já emprega outras pessoas, sempre pensando em expandir e diversificar seus produtos.
“Já comecei a fazer novas pesquisas e testes para fabricar sabão em pó e sabonete líquido para agregar mais valor e mais renda, e com isso poder contratar mais gente e aumentar a minha produção. Sou suspeito para falar, mas muita gente diz que o meu sabão é melhor que o industrializado. O segredo, além da fórmula, é o amor e o carinho com que fabricamos nosso sabão”, finaliza Pedro, o ex-pedreiro que driblou a pobreza e se transformou em microempresário, patrão e palestrante, quando o assunto é sucesso nos pequenos negócios
Um comentário:
Muito legal essa história de superação!
Relatos como este nos inspiram a continuar na luta!
Abraços
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