No blog Ideias e Negócios, você vai encontrar ideias e dicas de empreendimentos de sucesso para inspirar sua coragem e iniciar seu próprio negócio.
"O sucesso só vem antes do trabalho no dicionário."

Ousadia, bom-senso e persistência


O blog Ideais e Negócios destaca nesta postagem a história do empresário Marco Stefanini, que deixou a geologia de lado para fundar umas das empresas  pioneiras na área de Tecnologia da Informação do Brasil, a Stefanini, que fatura atualmente R$ 2 bilhões anuais e marca presença de forma atuante em 30 países. Inspire-se nessa trajetória de sucesso você também!


Observando hoje, todo mundo percebe que se os planos do universitário Marco Stefanini tivessem dado certo, o empresário de sucesso Marco Stefanini simplesmente não existiria. Craque em ciências exatas e apaixonado por viagens, ele não tinha dúvidas de que, com a faculdade de geologia, poderia trabalhar viajando pelo país, colocando em prática seus conhecimentos de física e matemática. No entanto, as coisas não foram tão simples. Em meio ao caos econômico da década de 80, a profissão de geólogo não se mostrou tão promissora quanto esperava. Recém-formado, Stefanini era também o mais novo desempregado do país. Apelou para as relações familiares e fez o primeiro movimento rumo ao empreendedorismo. Um amigo de seu pai conhecia um americano interessado em comprar pedras preciosas brasileiras. Stefanini decidiu exportá-las. Pegou um ônibus até a cidade mineira de Teófilo Otoni, comprou as gemas e as despachou para os Estados Unidos. Inexperiente, não levou em conta a burocracia do negócio. A mercadoria ficou meses parada na alfândega americana. Quando foi liberada, o lucro da transação havia sido corroído pela hiperinflação e ele ainda devia US$ 1 mil em taxas. Foi o fim da geologia-empreendedora na vida de Stefanini.

Ele então optou por um caminho menos ousado. Naquela época, o Bradesco estava atrás de profissionais da área de exatas para trabalhar como analistas de sistemas. Foi seu primeiro contato com o mundo da tecnologia da informação. Gostou tanto que, nas horas livres, dava aulas sobre TI e desenvolvia sistemas para pequenas empresas. Aquela fagulha empreendedora despertada no jovem recém-formado não havia sido extinta pela experiência fracassada com as pedras preciosas. Como a demanda por aulas e sistemas continuava a crescer, Stefanini deixou o banco para se tornar um pequeno empresário. Tinha 26 anos quando, em 1987, fundou a Stefanini IT Solutions, especializada em treinamento na área de tecnologia da informação. Apesar do nome pomposo, a Stefanini ocupava um dormitório da casa de seu dono e único funcionário. Só no ano seguinte ele alugou um escritório, na região da avenida Paulista, em São Paulo. Hoje, a companhia fatura R$ 1,9 bilhão por ano, é a terceira mais internacionalizada do Brasil (está presente em 30 países) e emprega 17 mil funcionários. 

Em 1995, o banco que cuidava do dinheiro da Stefanini faliu. A empresa quase foi junto   


Em março de 1990, quando os negócios estavam engrenando, Stefanini tomou uma rasteira do Plano Collor. “Tínhamos uma programação para dar 30 cursos ao longo do ano, mas todos foram cancelados. Quer dizer, tivemos um, que foi pago 120 dias depois. Não bastasse isso, uma semana antes me roubaram o carro. Levei seis meses até comprar outro.” Para retomar o prumo, Stefanini trabalhou de graça. Em vez dos cursos, deu 60 palestras gratuitas sobre TI. Era uma estratégia para divulgar seus serviços e, quem sabe, colher os dividendos lá na frente. Deu certo. Em 1991, já recuperada do baque, a Stefanini multiplicou seu faturamento por seis, alcançando US$ 700 mil. “Quando se monta um negócio, é difícil acertar de primeira. Você vai ciscando até dar certo”, diz ele.

CORREÇÃO DE ROTA
O expressivo aumento do faturamento naquele ano foi resultado também de uma decisão estratégica que marcaria uma nova fase na história da Stefanini. No início da década de 90, o gerenciamento de custos entrou para valer na cartilha de gestão das companhias brasileiras e trouxe junto outra ferramenta, a terceirização. O empresário vislumbrou a oportunidade de ser um dos primeiros a cuidar dos sistemas de informação das empresas. Além disso, diversificaria o leque de clientes da Stefanini. “O problema de investir em treinamento é que eles são muito sazonais. Quando vem a crise, é a primeira coisa que as empresas cortam. Se eu tivesse ficado só em treinamento, teria morrido.” O motor de crescimento da empresa migrou dos cursos para os serviços de TI.
Em 4 anos, a Stefanini comprou 9 empresas. Foi a forma encontrada para acelerar a expansão 

A nova estratégia, no entanto, só deslanchou depois de mais um ajuste. As companhias brasileiras estavam trocando seus enormes computadores, batizados de mainframes, por máquinas menores, as plataformas baixas. Era o início da “microlândia” na informática, como brinca o empresário. Hoje, ele acha graça, mas o sufoco foi grande. Ele e seus funcionários não dominavam aquela tecnologia. Levou um tempo até encontrar gente capaz de ajudá-los a trabalhar nesse novo mercado. “Foi a primeira e única vez que nosso faturamento diminuiu.” Os US$ 700 mil de 1991 viraram US$ 600 mil no ano seguinte.

A escalada de crescimento foi logo retomada. Em 1993, o faturamento bateu a casa do US$ 1 milhão. Em 1994, chegou a US$ 3 milhões. O bom relacionamento com os clientes, cultivado desde os tempos das primeiras aulas, aliado ao processo de terceirização nas empresas, dava seus frutos. Mas um imprevisto – dos grandes – quase acabou com os sonhos de Stefanini. Em 1995, o Banco Irmãos Guimarães, onde ficavam 70% das reservas da companhia, faliu. O dinheiro jamais foi recuperado. “Cortamos custos e conseguimos sobreviver, graças ao nosso conservadorismo na administração da empresa.”

Aquele ano, porém, não deve ser lembrado apenas como a temporada das más notícias. Foi em 1995 que a empresa abriu os primeiros escritórios fora de São Paulo. No ano seguinte, partiu para a internacionalização, arriscando-se na Argentina. Lá fora, a Stefanini atendia as filiais de companhias brasileiras e também conquistava novos clientes locais, indicados por quem já contratava seus serviços aqui no Brasil. Depois da Argentina, vieram as operações no Chile, México, Estados Unidos, Peru, Colômbia e outros 23 países. 

A entrada da empresa brasileira no mercado global não trouxe apenas bons resultados. As crises econômicas – na Argentina, em 2002, e na Europa e nos Estados Unidos, em 2008 –, prejudicaram os negócios. Mas a maior dificuldade desse processo, segundo Stefanini, não teve a ver com as economias locais e sim com gente. “O maior desafio é a escolha de bons gestores para tocar as equipes fora do Brasil.” E mesmo os bons gestores têm problemas. Quando estava começando suas operações na Índia, em 2006, Stefanini enviou um executivo brasileiro para a cidade de Hyderabad. Durante três meses, o profissional revezou-se entre os dois países para organizar o negócio. Até que se mudou com a esposa para a Índia. Ela detestou o país e o casal voltou para o Brasil. A Stefanini perdeu seu homem na Índia e, junto com ele, um contrato com a Dell, fabricante de computadores.

Depois de consolidar o processo de internacionalização, Stefanini, que até então tinha optado por crescer organicamente, decidiu abrir o bolso. As aquisições começaram com a compra da Callere, especializada na gestão eletrônica de documentos. Desde 2009, outras oito empresas foram adquiridas. Entre os últimos negócios fechados está a compra da Orbitall, processadora de cartões que pertencia ao Itaú. “Talvez eu tenha demorado um pouco para ir às compras”, diz o empresário.

Atrasada ou não, o que importa é que a temporada de compras segue aberta. Neste ano, a Stefanini deverá ir novamente ao mercado. “No primeiro semestre, vamos nos concentrar na consolidação. Para o segundo, devemos ter novidades.” A entrada em outro mercado, o de capitais, não deve demorar muito mais. “Tínhamos pensado em fazer o IPO em 2008, mas adiamos por conta da crise. A abertura de capital deve acontecer nos próximos dois anos, quando o cenário internacional estiver mais estável.” Será a vez de conquistar a simpatia não apenas dos clientes, mas também dos investidores.  

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